não mais me espreito,
espraio
sou própria onda, o
vasto
um timbre grave, suave,
a proclamar-se
piano doce, pulsar tão
doce, alento doce
(como um ácido
flutuante ante minhas vestes de mundo
e corpo)
há sempre aquele que
se despe
e, ao longo tempo das
vidas,
todos serão quem
sempre são
não mais me espreito,
espraio
um doce remir, a
melodia, instante
(mas que pulsar tão
doce!)
o doce na vitrola, a
vida
(praticamente um pesar
que se verá, por tão feliz no agora)
e há de ser feliz,
daquela felicidade tão doce,
mas tão doce, tão
doce, a vida
que já esquecida,
renovada
a luz dos dias
lembrança nunca exata
tamanho o perigo do
olhar da face, a face
retratada
(como um quarto de um
doce à época errada)
a necessidade da
imprecisão, volume
memórias...
olhar da face
e a face no olhar
tão doce
mas não tão sempre
assim errado
há quem seja o mais
correto e careça se cuidar
são normas, o mundo
não mais me espreito,
espraio
à luz de mim
minhas próprias ondas
regurgitar
sensual, canta-me ao
ouvido
sem definição a voz
tão doce, ó, Deus!
libido
algo assim tão doce
assim doce, assim tão
doce, doce
um fim de noite
em meio ao nada
e sou, somos
proponho um brinde,
amor
uma taça de champanhe
e é a vida, a vida
por entre fatos e
reclames, um convite
quando não entorpecida
um doce, um doce
assim tão doce
qual poema não havido,
vive
palavra dada ao mesmo
nada, palavra nada, o nada
e o poema, aquele
enfurecido por tamanho
inexistir
mas assaz calmo, leve,
um peso nada, nada, a achar graça
assim o lúdico, mas
nem mais graça, então, agora
o único no mundo
ousando a paz
o doce...
ausentes amores, meu
coração
um doce olhar tão doce
um doce olhar
em mim
me diz
um doce olhar
em mim.