quarta-feira, 29 de julho de 2015

Parece um bicho que estava esperando, à espreita,
A presa acordar
Você, acordando, sabia
Que estava, o bicho, a espreitar:
Sacia a sede do bicho, 
Aceita o jantar.

segunda-feira, 27 de julho de 2015

Doença de meu desejo

O que é querer
Se não doença?
O que não basta
Cronicamente
Incompleto
Quer o impossível
E então maltrata
sua impotência.

O que é poder
Se não desejo?
É inviável
julgar quereres
Assim passando
a ser então
Doença.
O que é doença
Se não desejo?
A culpa nossa
Tão clara
desenfreada
a culpa
E dissimulação.
O que não tudo
Se não desejos
e doenças?

quarta-feira, 15 de julho de 2015

Essas coisas tão escritas

Li errado então teu verbo
A frase preferia ser assim
Não por isso me perdestes em ti
Tão boa a encenação
(Então li certo)
Penso, penso e penso tanto
E na verdade não importa (nada importa)
Quem é o ator, ou farsa
Desprende-se de mim qualquer ser não inventado
Quero mais que um simples novo amor molhado
Acho querer mesmo um clima falso
Falso encanto, Falsos olhos verdes, Falsos transtormares em mim
(Essa chuva que não passa)
E a rima. E a palavra. E a métrica certa que outra vez não inventada,
não foi, foi não em mim
Você é tudo o que eu não posso e posso ser
E nós, assim, crianças. Eternamente crianças a olhar e crer
(Ou fingir)
Por entre os risos e malabares ao ocaso de outra tarde
De outro dia
Outro sonho
Desenha-se ao pôr do sol nossos corpos juntos
Lado a lado, num abraço, silhuetas no vermelho-laranja
azul-caramelo
Parece, assim, isso, valer mais
Um sonho
Outras brisas de encanto leve
Se perdendo e precedendo o amor maior
Que nunca saberei
existir.