Pra
que sair
Se lá fora o mundo é o mesmo
Pra que buscar
Se o resultado está escrito
Ou escrever
Se as possibilidades nunca além de duas são
Nunca além dali estão.
Por que voltar
Se o céu de casa é o mesmo
E lá tão encoberto aguarda-me
Pra que as horas
Se aqui toda a cerveja está
Donde é que estás Maria?
Donde é que vim?
Pra que querer saber
Por que não vou querer
Pra que pensar
E como não pensar
Tantas perguntas
Um verdadeiro show da Luna.
Suprimam-se as interrogações
Qual recomendação
Que valha
Quando tudo é uma pergunta.
Resuma-se. Esqueça-se.
As crianças, as mulheres, as mães, as leis, o âmago que tudo sabe e nada conta
Os jogos, a poesia abstrata demais
Que não me deixa em paz.
A querência de paz e amor
É mal fingida
Atriz xinfrin de filme pobre
Sozinha
Às portas da rede globo
Tentando a cena em que já sabe-se
Inserida: atuante. Passiva.
É pobre
Mas não sabe que é pobre
A alma.
A dela?
Não, a minha
Que pensa estar nalgum lugar
Pra perguntar de onde veio
Problema há em se importar?
Não há.
E em não se importar?
Não há, pois que não se importa.
Por que olhar, então, para os dois lados
Se lá fora o mundo é o mesmo
Pra que buscar
Se o resultado está escrito
Ou escrever
Se as possibilidades nunca além de duas são
Nunca além dali estão.
Por que voltar
Se o céu de casa é o mesmo
E lá tão encoberto aguarda-me
Pra que as horas
Se aqui toda a cerveja está
Donde é que estás Maria?
Donde é que vim?
Pra que querer saber
Por que não vou querer
Pra que pensar
E como não pensar
Tantas perguntas
Um verdadeiro show da Luna.
Suprimam-se as interrogações
Qual recomendação
Que valha
Quando tudo é uma pergunta.
Resuma-se. Esqueça-se.
As crianças, as mulheres, as mães, as leis, o âmago que tudo sabe e nada conta
Os jogos, a poesia abstrata demais
Que não me deixa em paz.
A querência de paz e amor
É mal fingida
Atriz xinfrin de filme pobre
Sozinha
Às portas da rede globo
Tentando a cena em que já sabe-se
Inserida: atuante. Passiva.
É pobre
Mas não sabe que é pobre
A alma.
A dela?
Não, a minha
Que pensa estar nalgum lugar
Pra perguntar de onde veio
Problema há em se importar?
Não há.
E em não se importar?
Não há, pois que não se importa.
Por que olhar, então, para os dois lados
ao
atravessar
Se a via é de mão única
Basta que olhe apenas pra donde não vêm as carruagens
Mas que importa?
A verdade, outrossim, é que todos, sim, se importam
Não ignore, apenas.
Se a via é de mão única
Basta que olhe apenas pra donde não vêm as carruagens
Mas que importa?
A verdade, outrossim, é que todos, sim, se importam
Não ignore, apenas.
(Queira
saber.)
O poeta que diz sou nada, não posso querer ser nada
Diz também ter em si
Todos os sonhos do mundo.
À parte isso, sempre acompanhado está
E nunca nos livrará de si.
Diz a palavra nunca
Nunca poder ser dita
A explanação vai de encontro à própria face.
É intraduzível, inaudita, impossível
ser revista.
É impossível, a explanação
querer ser algo
Visto que seja
Mas ninguém saiba.
Tantas perguntas
Verde por fora, vermelha por dentro.
Passou em frente a mim uma moça gritando
O poeta que diz sou nada, não posso querer ser nada
Diz também ter em si
Todos os sonhos do mundo.
À parte isso, sempre acompanhado está
E nunca nos livrará de si.
Diz a palavra nunca
Nunca poder ser dita
A explanação vai de encontro à própria face.
É intraduzível, inaudita, impossível
ser revista.
É impossível, a explanação
querer ser algo
Visto que seja
Mas ninguém saiba.
Tantas perguntas
Verde por fora, vermelha por dentro.
Passou em frente a mim uma moça gritando
De
tão magra
Gritava, de tão magra.
Só não gritava pois que escassas encontravam-se
Todas as forças
(De tão magra)
Chegou a memória dela em meio a meu café
Que agora esfria
Conquanto eu tenha culpas também
Por ela, assim, tão magra
Não posso deixar de alimentar-me
Sou outra pobre alma, enfim.
(Solitário o poeta não está no mundo
O
poeta, aquele.)Gritava, de tão magra.
Só não gritava pois que escassas encontravam-se
Todas as forças
(De tão magra)
Chegou a memória dela em meio a meu café
Que agora esfria
Conquanto eu tenha culpas também
Por ela, assim, tão magra
Não posso deixar de alimentar-me
Sou outra pobre alma, enfim.
(Solitário o poeta não está no mundo
Mas foi uma imagem qualquer coisa poesia, aquela
Um
filme de Stanley Kubrick
Uma cena que não sei
Talvez de um outro
Que importa, aliás?
Visto que todos amam-se
E também não
E todos olham para os dois lados
Antes de atravessar
Às vezes até se esquecem
Ou mudam de opinião
Deixando estar.
Aberto, o sinal de trânsito
Só, fica e permanece
Só
Tranquilo ainda que desperto
E curioso
Olhando o homem, sempre menino
A mudar de opinião
(A direção)
Todos podem, e devem
Mudar de opinião
Mudam gostos, morrem, renascem e nascem paixões
E todos devem ceder
Nem todos cedem.
Assim é que o nosso mundo
Embora ainda se creia
Fadado está a se extinguir
Mas quem se importa?
Ficarei aqui, mofando
Até o momento em que não creia mais
E então menos motivos inda
Terei pra ir.
Mas quem se importa?
Retiro-me.
Uma cena que não sei
Talvez de um outro
Que importa, aliás?
Visto que todos amam-se
E também não
E todos olham para os dois lados
Antes de atravessar
Às vezes até se esquecem
Ou mudam de opinião
Deixando estar.
Aberto, o sinal de trânsito
Só, fica e permanece
Só
Tranquilo ainda que desperto
E curioso
Olhando o homem, sempre menino
A mudar de opinião
(A direção)
Todos podem, e devem
Mudar de opinião
Mudam gostos, morrem, renascem e nascem paixões
E todos devem ceder
Nem todos cedem.
Assim é que o nosso mundo
Embora ainda se creia
Fadado está a se extinguir
Mas quem se importa?
Ficarei aqui, mofando
Até o momento em que não creia mais
E então menos motivos inda
Terei pra ir.
Mas quem se importa?
Retiro-me.