segunda-feira, 24 de novembro de 2014

Desamparo

que tamanho minha máscara 
minha cara
o meu desmascaramento
que tamanho o meu jeito descarado
que tamanho a inteireza
meu amor
que tamanho o que chamo meu amor

que tamanho minhas ruas, e vielas
minhas possibilidades, as idades...
que tamanho a cidade, meu país, meu mundo eu
que tamanho que é meu mundo dentro d'alma
meus destinos casuais
que tamanho meus fantasmas...

meus terrores, minha calma, toda minha exaltação
que tamanho a corrosão

que tamanho esta minha resistência pra ser forte, pra ser fortemente forte
pra ser tantos. tantos alimentos dar
que tamanho meus tamanhos, meus pequeninos tamanhos...

…e fica um desamparo, um desamparo...
fica um desamparo
sem tamanho
uma falta de mim
sem
igual
no mundo.

sábado, 22 de novembro de 2014

Sobre as noites de ontem

Observo o policial a olhar o mundo
A prender por entre risos esgueirados e sarcasmos
Qualquer minha segurança

Oh, Deus!, por onde andei nas últimas madrugadas
Que não percebi o quanto me
Espreitava
O olhar chato e o socorro
Da mente que não vinha?
A paranóia, a nóia
A paranóia delirante
De meus encontros com Deus
Meus ocasos, meus sóis confusos
Meus restos...
Minhas situações de amor.

E o que sou
se não meu próprio Deus
Meu cacique
Meu pobre poeta de olhos ora belos
Luminosos
Cheios de esperança
Ora lassos?
Sou parênteses...

Uma eterna explicação desnecessária
que sempre exigem de mim
Que sempre exijo
Que sempre penso exigir
Que sempre peço que exijam

O disco na vitrola fala em falso
A fala que não percebe a mentira
A fala que nada precede
Mente a sensação
Oh, tosca fala de Deus!!!
Parece mentir amor meu
Parece mentir
Parece amor meu

Sereno, nu, divertido, perene e cansado
No meio da rua
Em frente à viatura de polícia.



domingo, 9 de novembro de 2014

Palavra Explosão, o fio da arte

Minha arte é feita da palavra cansaço
Significando
Não cansaço solto, é arte.
A explosão nunca aceita
A não ser por parte minha
Mas parte. Apenas parte.
Muito mais que a metade
É Chama, Incêndio no Silêncio.
Vazio de incêndio solto.

Minha arte é frio no peito
No frio do peito
Já que na alma
A alma do corpo
Que fala
Brotam vontades mesmas
As mesmas vontades
Inteiras
Extremas
Explodo.

Minha arte é feita da palavra vontade
Que não se sabe
E não se sabe
Vontade
De quê.

Minha palavra metade é feita das mesmas vontades
Inteiras
Extremas.
Eu
me
explodo.

No outro dia, um filme pornô

Pois o sol lá continua
Não foi eu, graças a Deus
Que o fez parar de ser
Arrebentei todas as paredes
do peito, da alma, do gemido em mim, do silêncio
Arrebentei, nessa última noite,
o meu criado mudo
meu violão
Fiz calar essa fala que de nada serve
Já que prossigo a precisar
de algo que fale em mim
Morrerei na espera
Morrerei na espera
de um anjo salvador
de uma música nova
de uma mulher outra
de um relacionamento, um caso
de uma nova espera
Vivo a lapidar
e destruir
Arrebentei, nessa última noite,
meu criado mudo, meu violão
todas as paredes
ficaram
as janelas