Mas
e quando não são mais? E se puderem não mais ser? Se, então,
mesmo estando, não mais estão há tanto tempo? E se a saudade vai
de besta, vai fingida, dissimula, toma espaço da razão que se
permite mesmo àqueles que se amam? E se falasse resolvesse? E se
escrevesse o que se leu, pra se guardar, se preservar da enganação? Mas quem a sabe tanto assim para sabê-la enganação? E se a póstuma
sorte de ser dois, sermos um, ser o que se está mais vivo alto
falasse pro que pode ser depois? Tudo jogado, "palavras
são traiçoeiras, me confundem, e eu nem as evito. Palavras são
tudo o que temos agora."
*Trecho
final roubado da introdução do livro "O
rosto na xícara", de Ludmila Rodrigues.