terça-feira, 24 de abril de 2012

Entre luzes

Desfocar, redimensionar meu mundo lar. Chão suspenso. Cada um com sua forma de ser lido. Cada sapo, engolido. Meu mundo, uma mistura de luzes, me queima. "Café com pão", Tom diz ao fundo. Tambores, tremores da mente, do frio d'alma. Confusa gente carente, inocente, indecente. Meu eu usual, palavras de sempre. A vulgaridade natural do ser, nada a fazer. Café com pão, café com pão. Café com pão é muito bom.

domingo, 22 de abril de 2012

Das agonias e porquês da fala

Para Ana Clara Costa

Parir.
Lançar ao mundo, despir.
Perder de mim, te dar.
À luz, ao mundo.
Só meu, não mais. Não mais zelar. Bem meu, contar.
Fazer sangrar, fazer.
Por onde, pra que, falar.
Desavergonhar.
Confessar-me ao medo, me dar.
Conforto, risco, perder.
Andar, sentir, arder.
Viver, por mais de uma vez morrer.
É me perceber, vestir, ceder. É me conhecer.
A escrita. Sujar, limpar.

Vaziez

Um amontoado de coisas, emaranhado de cores, aglomerado de gentes, de eus, no meio de nada do nada, presente. São dores, vazios pesares, flores que temem nascer. Pelo próprio florir, medo de ser. Fantasmas do ainda nem vivo, nem inativo, sempre porvir, bruta espera. Da imaginação cansada, de ser febre delírio, ser nada. Se é nada.