quarta-feira, 28 de dezembro de 2011

Uníssono

Todos têm sua bela e densa e verdadeira e triste e mesma história de amor. E tudo é singular. Nos entristece e alegra, me faz melhor e não. Faz esquecer dele esse romance casual que se faz fundamental. Me traz inspiração, tudo tão único, tão igual, comum, normal. Tão bom e tenso estar sujeito; dá tanto medo uma paixão. Assim humano, nada secreto. Tão indiscreto, tornando assim ridícula qualquer perfeita nada interpretação, assim tão nosso, forte e inevitável que é. Todos têm, todos são e somos uma bela, e densa, e verdadeira, e triste, e mesma história de amor. E tudo é singular.

sexta-feira, 16 de dezembro de 2011

Amor eterno

Primeiro eles se gostam, depois eles se beijam.
Ou, antes que se gostem, primeiro eles se beijam.
Aí eles vão pra cama e dizem que se amam.
Fazem seis, sete vezes por dia.
Aí eles se enjoam, se cansam um do outro.
Então eles se matam, mas ficam com saudade,
cutucam a ferida:
primeiro é um beijinho, de amigo, só no rosto.
Os dois não mais se aguentam e se amam de novo, e se matam de novo, e se fodem de novo.
Assim o tempo todo, assim a vida toda.

terça-feira, 13 de dezembro de 2011

Dentro da vigília carnal

Mas acredito que o gosto de sua pele seja muito melhor e mais apropriado do que esse monte de lamentações, rupturas, essa angústia sem fim. Desconfio que seu paladar, depurando o meu, torne as coisas mais fáceis, ao menos infinitamente mais prazerosas. Já que dentro do que independe do pulsar das horas, desse tempo ainda tão nosso, cansaço por todo inexistente, sou muito mais a união de nossos corpos, o toque de nossas línguas, o ofegar juntos de desespero e tesão numa coisa só. Bem mais do que essa belíssima sequência de palavras belas, tristes, pesadas ou não. Melodiosas que sejam, tão menos música aos meus ouvidos sedentos por ti.

segunda-feira, 12 de dezembro de 2011

Melodia

Som que produz sensação, que dá vazão ao sorrir da alma. Palavras que dão sentido à vida, que fazem, que mudam uma. Som, palavra, pranto, nos descrevendo, ou não, mas aquecendo, me é preciso. Uma música nos é sempre necessária, nem que seja, no silêncio, a sua melodia.

quarta-feira, 7 de dezembro de 2011

O pensar em comum desses dois corações


Um dia, dois corações se encontram e se dão motivos para se pertencerem. Enamoram-se e se fazem um, tão grande o bem que sentem em seu lado a lado, tamanho gosto e beleza surtidos de um querer sincero, diante de tanta vontade desperta de cada momento, único, ser sempre. Numa vontade criança a brincar toda hora sem medo do tombo, os dois não escolhem tempo, não medem preparo, não pedem aprovação além da prova de tudo de bom que já são. Um dia, pois sim, dois corações que se doam, em um tanto quão grande de dor se partem, e tem de partir. Não podem ligar para a reprovação por parte de tudo que sempre serão. E sempre serão. Um dia, dois corações que jamais se esquecem, conversam distantes. E a toda agonia se dão no pensar, irredutível e impiedoso que é, de como teria sido com outro preparo, outro tempo, outros medos e vidas da vida em comum em questão. Sem escolha. Claro, dos dois, mas, assim tão distantes, sonho de um só coração.

segunda-feira, 5 de dezembro de 2011

Mesmo sabendo

Mesmo sabendo de toda aquela sujeira dentro de todo tipo de amor, teve nojo. De si, deles, de mim. Mesmo sabendo todo tipo ser um, ser o todo, só um. Não se conteve, não se mantém. Não se sentindo, podemos dizer, tão vaidoso quanto incapaz, se apegando ao violão ainda não por inteiro parceiro, chorando e repetindo várias vezes aquele mesma triste melodia.