num
dia, um deus
no
outro, um bosta
carniça
no esgoto do cérebro e coração de menino
um
menino, um velho, uma moça bonita
num
dia está mal
concebe
o ser inacabado como algo de bom
no
outro, tem medo do bom
um
espasmo, um orgasmo
gorfada
devolve os espectros
que
somos
e
agregamos
ao
gosto da vida
ao
orgulho do espaço vazio que contém tudo aquilo que sendo não foi e
nos deixa
permite
algo mais
e
mais
todos
nós num hospício cristão, espiritualista
todos
nós numa merda e delícia de peça tal qual bem ou mal encenada
tal
qual peça alguma inventada
um
orgasmo e outro cheiro de amor
e
de fome
disforme
a
falsa insatisfação
do
ser que não somos
e
deixamos tentar-nos de novo
impreciso
sucesso
fugaz,
melodramático, um drama, um poeta
torto
e inacabado
as
avessas do ocaso
e
sempre um acaso
brincar
de palavras
desculpa
poética
brincar
de palavras...
um
gesto são e vão
do
poeta dos sonhos que vão
uma
peça, invenção, alegria e tristeza
do
poeta dos sonhos que vão
um
poema.