Tudo, pra que tudo?
Cada, pra que cada?
Em que cabe? Pra que é?
Pra que é que cabe onde?
Onde? Pra onde?
E pra que vai?
Pra que a fala, ponto que interroga sempre?
Sempre, pra que sempre?
Pra que, pra que, pra que?
Caralho.
E que quando eu não puder mais escrever, ver e ler de novo a vida, guarda ainda em mim, ó, Deus, tudo que de vida vivi. Para que, assim, todo vivo, poesia viva eu siga.
sexta-feira, 31 de maio de 2013
Café
Pelas portas envidraçadas da memória recente, velha e viva da vida e do café que de camarote me servem para assistir-me nos seres e coisas; no inusitado insight das coisas.
segunda-feira, 13 de maio de 2013
A não saber o quê
I
Não sei de mim.
Mesmo quando lembro
do que fiz, como fiz,
por que e por onde pensei
pra chegar a fazer,
não lembro ao certo.
Porque também não sabia ali, ao fazer.
De mim sou nada.
Nem parente distante, nem amigo íntimo.
Eu não tenho ideia
nem da vaga ideia
da chance que tenho
em ser o que não sei.
Eu não tenho a mais vaga ideia
da mínima vontade
ser mínima, ou não ser,
ou se, quem sabe,
talvez só ainda não seja
descoberta, ou redescoberta,
a vontade em mim
de alguma coisa eu ser.
II
Eu não sei se me preocupo
em com algo preocupar-me.
E, se me preocupo,
nunca sei o quanto devo
me preocupar.
Eu não sei o quanto devo
elevar meu rosto e meu pensar
de modo a ficar,
de cara pro vento,
disponível.
Ou, de cara pro vento,
livre.
Eu não sei o que pensar sobre o que pode
e não pode
ser
livre.
É tanta gente, são tantos livros, e poetas,
e discursos,
que eu não sei
o quanto vale sua dose de mentira
ou o quanto deve haver verdade em mim
para que, assim, seja
indiscutível dogma meu.
E eu fico puto quando, então, assim percebo
o quanto preso
eu sou a tudo que não sou
e não entendo,
o quanto faço questão
de não ser
livre.
Penso
e fico mais preso.
III
Eu não sei o que pode ser
chamado por mim,
diante de tão dogmáticas maneiras de se quebrar
um dogma,
de liberdade.
IV
Fala alto dentro do meu peito
essa imensa mania - chega a ser crença,
de alguém que, com o tempo,
de repente cético se percebe,
de em tudo querer dar cabo
com uma única imaginação,
tantos sonhos
e nenhuma ação.
V
Não entendo o texto,
tão menos os adendos
e observações
que faz o leitor
anterior a mim.
Pra mim é triste sina
não saber por onde veio
a folha de pagamento, a nota de um real ou dólar,
e tão menos entender
de tudo que tanto entendem.
E eu não sei conversar.
Não sei de mim.
Mesmo quando lembro
do que fiz, como fiz,
por que e por onde pensei
pra chegar a fazer,
não lembro ao certo.
Porque também não sabia ali, ao fazer.
De mim sou nada.
Nem parente distante, nem amigo íntimo.
Eu não tenho ideia
nem da vaga ideia
da chance que tenho
em ser o que não sei.
Eu não tenho a mais vaga ideia
da mínima vontade
ser mínima, ou não ser,
ou se, quem sabe,
talvez só ainda não seja
descoberta, ou redescoberta,
a vontade em mim
de alguma coisa eu ser.
II
Eu não sei se me preocupo
em com algo preocupar-me.
E, se me preocupo,
nunca sei o quanto devo
me preocupar.
Eu não sei o quanto devo
elevar meu rosto e meu pensar
de modo a ficar,
de cara pro vento,
disponível.
Ou, de cara pro vento,
livre.
Eu não sei o que pensar sobre o que pode
e não pode
ser
livre.
É tanta gente, são tantos livros, e poetas,
e discursos,
que eu não sei
o quanto vale sua dose de mentira
ou o quanto deve haver verdade em mim
para que, assim, seja
indiscutível dogma meu.
E eu fico puto quando, então, assim percebo
o quanto preso
eu sou a tudo que não sou
e não entendo,
o quanto faço questão
de não ser
livre.
Penso
e fico mais preso.
III
Eu não sei o que pode ser
chamado por mim,
diante de tão dogmáticas maneiras de se quebrar
um dogma,
de liberdade.
IV
Fala alto dentro do meu peito
essa imensa mania - chega a ser crença,
de alguém que, com o tempo,
de repente cético se percebe,
de em tudo querer dar cabo
com uma única imaginação,
tantos sonhos
e nenhuma ação.
V
Não entendo o texto,
tão menos os adendos
e observações
que faz o leitor
anterior a mim.
Pra mim é triste sina
não saber por onde veio
a folha de pagamento, a nota de um real ou dólar,
e tão menos entender
de tudo que tanto entendem.
E eu não sei conversar.
domingo, 12 de maio de 2013
A não saber
Leio
a não saber o que
ou
para quê.
Leio
a imensidão que sou
e
a que não sou.
Leio
o vazio que fala e o entendendo nada.
Porque
entendo nada,
ou
porque algo preciso dizer que faço.
E
é nem feio o nada, o fazer nada.
Leio
porque sou nada.
Chamo
porque preciso entender por onde
me
falam rastros.
Chamo
porque preciso me achar em outrem
e
por contente.
Chamo
por precisar de algo
ou
de alguém.
Chamo
por medo de me esquecer.
Somente
assim
me
chamo.
Falo,
não falo, ouço.
Olho
por onde vim.
Busco
por passos que, vacilantes,
falam
de coisas minhas.
Fazem
tudo que é meu
cheio
de toda fé.
Debruça-se
e acalma a mim
o
meu silêncio: existir.
“Olhe
por onde anda, não olhe tanto!”
Precipitada
e calma criança
eu
sou.
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