quarta-feira, 22 de outubro de 2014

Chocalhos

O último acorde precede o fato real
O fato
De costas para o mar de aço
Mostra-se o futuro
Amostras de sangue sátiro
Sua piada pronta
Tristeza sem graça
Desinteressante
Seu showzinho de merda

Descalço perante o inevitável fracasso
Gritante acossado e cansado
Programando, o programado,
O próximo solene insano insosso passo
Sem graça
Uma canção pra ninguém

domingo, 19 de outubro de 2014

Sem compromisso

Macarronada de domingo.
Samba, cerveja, voz de Chico na molerinha doída e feliz:
O amor dos tempos áureos.
Saudade da infância, brincadeiras de sempre.
Do sempre.
Samba. Cerveja. Sinfonia gostosa de um domingo inteiro
Em nós.
A vida, uma canção de amor que não se sabe.
Que não acaba.
A vida, um domingo solto
No samba
Do tempo.

sexta-feira, 3 de outubro de 2014

Who's afraid

Minha mente perfaz todos os caminhos que ainda esperam por meu coração. O corpo, hesitante em se entregar, receia os passos que hão de levar-lhe em busca do gozo e do trágico. Mas devora-me o invencível fascínio dos golpes da beleza alheia. Devo, dentro em breve, lançar-me novamente ao fogo do amor.

Na rodoviária

pendura as roupas no varal
em frente às pedras na varanda
o chão de espuma é seu poema
Surradas calças que, indolentemente, se encostam
no balcão do Fran's Café.

No câmpus

Vozes de uma tarde.
Os alunos conversam rindo por entre as árvores.
O canto, o som das árvores
a colorir o câmpus.
As árvores que colorem a tarde.
Uma linda tarde.
Os pássaros.
Os verdes.
A tarde.

Os passos da moça desenham meu escrever.
A tinta escorre pelo vão das veias
pulsantes
por poesia.

Rubem Alves

Sim-pli-ci-da-de.
Ge-nia-li-da-de.
(Ge-ni-a-li-da-de?):
o País dos Saberes.

Sílabas e rima.
Nasce pra mim no ano em que morre.
É vivo, pois.

Planta em mim a lógica do claro, do transparente,
suas árvores e flores.
Melhor caminho para o ato
de acreditar.

Na rodoviária

pendura as roupas no varal
em frente às pedras na varanda
o chão de espuma é seu poema
Surradas calças que, indolentemente, se encostam
no balcão do Fran's Café.

"Fran's"

“Catchup e maionese?”

Chove forte enquanto espero
viagem não sei se ida
ou volta.
Sempre a não saber, mesmo que certeza
(tudo sempre momentâneo).
Melhor assim, me cuido.
Presto-me a algo e desencano.

É posto sobre o prato
uns quilos mais de dissabores,
tormentos, amores
cheios de açúcar demais.
É posto um par de olhos
em meio a meu poema repetido.

“Maionese e catchup?”

“… e um cafezinho?”