terça-feira, 30 de dezembro de 2014

Perguntas também são poemas de amor

Acordar
Sentir
Ouvir
Sentir
Pressentir
Sentir
Perceber e confirmar
Discernir pra entender
Qual real dimensão de nós?
Qual sentir o meu sentir
Pra te sentir
Em mim?

De mares e gotas

Deguste as gotas
Que é pra sarar
É fim das dores
Cicatrizar
Deguste o gosto
O paladar
Cristais nas cores
Clarificar

Deguste, que é fim dos tempos
Remédio ao tédio
Trabalho árduo
Que logo é hora
De outra gota
Pulsando bolhas
Fervendo errante
A gota d'água
Um claro instante

Solidificando cada clara gota
de vida
Instável, errada, incerta, insípida e vazia
Toda gota cheia
de mares nós!
Os gostos...



segunda-feira, 29 de dezembro de 2014

Da morte na dor de alguém

No dolorido da dor de alguém
A morte
Solto no mundo nosso espetáculo
Da vida
Um choro
Livre, desregrado, dissoluto, desatado
Solta e prende na dor
A dor
De alguém

Adivinha a morte que há
Suspeita a cantada hora
A morte que é dor de alguém
Em vida
Aterra também na morte
Da vida
E sinto
Em minha sucinta dor
A dor a mais
De alguém

Alguém, no mundo...
Alguém na dor do mundo 
De alguém
Estranho, um estranho mundo
Chorando, prostrado à porta
As dores que sempre adentram
Não vejo, mas sinto a dor
De alguém

A dor se faz 
De casa
Invade, acovarda, a dor
Os lares
E as dores são dores todas
De um todo
Bem mais que apenas dor
de alguém...

Me vejo, pois, e sinto
Que chora a dor de alguém
Convulsa, doída, desordenada, dolorida
A dor, a dor de alguém
E alguém na dor de alguém

Morreu, nessa madrugada, um ser humano mais da vida
E eu sinto, vivo
Quase a ver
Em cada intercalado pranto 
De um pranto todo
Um brilho
Nas lágrimas que, espessas, gritam
Por perto ao longe, à porta
Na fala de quem me chora
Em vida
A morte

Na fala da vida a vida que chora a morte
De mais
Alguém.


quarta-feira, 24 de dezembro de 2014

Da manhã de chuva ao te perder

O brando silêncio da casa, enriquecido pelo som das águas que caem fora e ornado por cores rubras da baixa luz da sala à meia cortina e ao brilho mudo da T.V. de plasma, emoldura minha manhã sem ti. Desde que surgiste, primeira manhã esta, talvez, em que ouço o som do silêncio sem teu jeito, tua voz nas queixas, pedidos, ordens e avisos. Teus amores. Premeditado futuro nosso pode ser nada, eu sei, tanto que dizemos... Mas é ao fosco brilho desta calma manhã do último mês do ano, que antevejo tudo que sou. Que posso ser. Com ou sem tua companhia nos próximos anos, ou meses, dias, faz-se presente um barulho imenso aqui dentro, por cada segundo nosso. E a chuva que cai lá fora arrepia os pelos... Silêncio quase vida que, ora vida, tamanha luz em mim, ora tudo que é cada vez mais morte, dita o ritmo dos quereres. Branda, calma e quente, grita pulsante e leve, como tudo o que é vida no fluir das horas, tua presença em mim.

sexta-feira, 19 de dezembro de 2014

A conexão, A escravidão
A submissão à palavra, O desligamento
Do mundo qualquer
Que é qualquer mundo.
A inutilidade, A desordem
A dissociação de qualquer
Significado.
Somos.
E a palavra é toda ordem.

segunda-feira, 1 de dezembro de 2014

Às claras

Sobre os dias e noites dos ontens de sempre
Mentiras de sempre no início das noites
Clarão de meus olhos
A luz que se faz
Melodia incansante
Iminentes minutos meus
Que se fazem verdade
Revelam, à luz do dia
Meu eu.