segunda-feira, 29 de dezembro de 2014

Da morte na dor de alguém

No dolorido da dor de alguém
A morte
Solto no mundo nosso espetáculo
Da vida
Um choro
Livre, desregrado, dissoluto, desatado
Solta e prende na dor
A dor
De alguém

Adivinha a morte que há
Suspeita a cantada hora
A morte que é dor de alguém
Em vida
Aterra também na morte
Da vida
E sinto
Em minha sucinta dor
A dor a mais
De alguém

Alguém, no mundo...
Alguém na dor do mundo 
De alguém
Estranho, um estranho mundo
Chorando, prostrado à porta
As dores que sempre adentram
Não vejo, mas sinto a dor
De alguém

A dor se faz 
De casa
Invade, acovarda, a dor
Os lares
E as dores são dores todas
De um todo
Bem mais que apenas dor
de alguém...

Me vejo, pois, e sinto
Que chora a dor de alguém
Convulsa, doída, desordenada, dolorida
A dor, a dor de alguém
E alguém na dor de alguém

Morreu, nessa madrugada, um ser humano mais da vida
E eu sinto, vivo
Quase a ver
Em cada intercalado pranto 
De um pranto todo
Um brilho
Nas lágrimas que, espessas, gritam
Por perto ao longe, à porta
Na fala de quem me chora
Em vida
A morte

Na fala da vida a vida que chora a morte
De mais
Alguém.


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