quarta-feira, 29 de janeiro de 2014

Na noite estranha

crente, fraco
acossado!
incongruência no vazio
dente! mordida no vácuo...
solidão, cerveja quente
sexo sem graça
corpo gelado
mórbido
desfeito
a mexer-se sobre o cansaço
opaco, doce, mistério, lembrança oca
bruta, bruta espera
valente teima em não se dar
langor do mundo.

não há extraterrestre algum
tampouco ortografia, conjugação de verbo
ou correções
tudo é carência e fantasia
recorrente langor
do mundo.

diabetes, o ato de suprir
todos se necessitam
ninguém suporta alguém
eu tenho um inexplicável e indiscutível
langor do mundo.

minha variedade é misericórdia
não fosse assim, talvez
nem mesmo vida existiria
charlatanismo. e temos a verdade:
o que é real.

mundo algum existiria não fosse a variedade
cruéis coxas, pernas nuas
crianças pela metade
dispersão, nostalgia, medo
malditos e benditos anjos
em toda e qualquer esfera há tempo e lugar pra tudo
é tempo e lugar pra nada
cerveja quente, café frio
gordas, puro osso
a remexer-se
destrambelhadas
ameaças da insegurança
café sem cor e sabor
cerveja quente
cheias de boca e palavras
o tempo todo
até que, um dia,
acaba.

um corpo cheio de incompreensões atirado aos porcos e ratos em meu quintal
olha por dentro, perscruta-me
pressente e percebe os olhos virando vidro
nada mais vê do mundo
mas volta e fala o perfume ao correr dos passos
tudo, de repente, é madrugada,
desnudo,
repentino.

multidões, abismos
uns dias, compreensível; sempre inexplicável
poesia visual dentro do peito, fio de lágrima nos olhos
um bicho barulhento e cansativo sobre os ombros
música e gemido.

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