sábado, 4 de janeiro de 2014

Poema ao amor meu

singular tão qual pôr do sol a marcar-me, mais que o fim da tarde,
até o fim dos dias.
única, suprema, sublime;
és a cor nos olhos meus
e o olhar dos anjos a cuidar-me.
inerente à condição da sofredora arte, és meu maior papel.
mural de meus dias, a luz
junto à sombra propagada pela face da felicidade de outrora;
o que no diário não se inscreve.

és a frustração de quem escreve,
o que sacia a insatisfação da gula apaixonada
pelo ocaso, estrelas,
pela própria fome.
és o direito à fala, a salvação do terror de meus dias desiguais
e o dourar do mais bonito de meus sonhos.
a especiaria, o tempero dos amantes
e a inspiração ao que não podem conceber.

Ah, se te descobrem, musa minha,
o mundo ganha novas cores;
minh' alma perde em poesia.
corroída pelas vestes do ciúme, da ganância, egoísmo,
a não querer te repartir
com mais ninguém;
minh' alma grita imperiosa a meu pensar, desconsolado,
que eu te guarde, suspenda-te
em cela atroz, exclusivos faça a mim
teus gestos, e poses, e lábios, e dentes, e risos.
chantageia-me, ameaça-me
minh' alma;
lança imagens do abandono de mim mesmo,
caso eu te deixe partir.

és meu mundo, minhas letras,
meu papel pra emocionar.
és o que dá graça a qualquer tudo ou nada meu.
abissal canção de amor e morte,
és a vida e és a morte.
és meu coração e és razão,
o equilíbrio a fazer-me seguir firme
e única no mundo a, por completo, derrubar-me.

O meu amor, és o meu amor.
gratidão da vida minha,
agradeço-te existir
e o ato de me ser.
amor meu, inconsequente, inconsolável, sem medida,
irremediavelmente apaixonado
amor meu.

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