segunda-feira, 7 de novembro de 2011

Saudade de casa

para Julio Adorno


A saudade chegou sem avisar. Na verdade, acho que não avisou porque aqui já estava, não chegou. Sim, já estava aqui alojada, havia entrado há muito tempo como quem, há muito tempo, já é de casa. E, sendo assim já tão de casa, também se incomoda com visita inesperada, ainda mais na madrugada. Sim, isso, eu é que cheguei sem avisar; num desagrado, eu é que fui lhe acordar. Depois, quando notou quem era o invasor, que, afinal, também é de casa, o bem acolheu para, novamente, se confortarem e confundirem em um só ser, neste mesmo lar coração.

Um comentário:

  1. Puta que pariu. Gostaria tanto de ter escrito isso, Mathers... Faz uma História que todos os poetas são invadidos pela saudade!
    Mais uma vez me vem aquela sensação de algo intuitivo e brilhante; eu nunca vi ninguém narrar sobre alguém que invade a casa da saudade.
    E por fim - como se não bastasse, ambos estão em casa e ão de se acalentar de algum jeito. Achei fantástico.

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