para Julio Adorno
A
saudade chegou sem avisar. Na verdade, acho que não avisou porque
aqui já estava, não chegou. Sim, já estava aqui alojada, havia
entrado há muito tempo como quem, há muito tempo, já é de casa. E,
sendo assim já tão de casa, também se incomoda com visita
inesperada, ainda mais na madrugada. Sim, isso, eu é que cheguei sem
avisar; num desagrado, eu é que fui lhe acordar. Depois,
quando notou quem era o invasor, que, afinal, também é de casa, o bem acolheu para, novamente, se confortarem e confundirem
em um só ser, neste mesmo lar coração.
Puta que pariu. Gostaria tanto de ter escrito isso, Mathers... Faz uma História que todos os poetas são invadidos pela saudade!
ResponderExcluirMais uma vez me vem aquela sensação de algo intuitivo e brilhante; eu nunca vi ninguém narrar sobre alguém que invade a casa da saudade.
E por fim - como se não bastasse, ambos estão em casa e ão de se acalentar de algum jeito. Achei fantástico.