Talvez
um dia eu me lembre
de como
passei a traçar
tristes
e felizes traços
do que
sou aqui.
Talvez
um dia passe a entender meus amores
e toda a
incoerência
visando
seu não entender.
Talvez
um dia eu passe a falar de política
como
quem finge e convence
saber
até poesia.
Talvez
um dia eu passe a entender os poemas
sobre os
quais falo e não falo;
sob os
quais bordo meus dias.
E minha
azia assim passe
como
quem passa distante
e, assim,
nem mais necessário
se faça
minha vigília.
Talvez
um dia, um moço decente.
(Talvez
num dia indecente.)
Talvez
um dia me encaixe.
Talvez
um dia, a revolta.
Converse
sobre a carreira dos grandes astros do rock;
o mal; o
bem; meu eu no mundo.
Talvez
um dia eu leia Os Lusíadas; Dante;
Bovary
no original.
Mas,
acredito que, acima de tudo e com tudo,
talvez
um dia eu descubra
em meu
grosseiro, comum e vazio distúrbio, meu eu inteiro.
E, como
quem chega agora, pisando estranho terreno,
descobri-lo
possa familiar.
E,
assim, me saiba
de mim.
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