domingo, 15 de julho de 2012

Nem póstumo, nem não


Não, não era nem de longe triste, tampouco desesperado, amuado, despedaçado que retornava daquela consulta reveladora naquela desditosa manhã ensolarada, a parecer caçoar do fim anunciado de maneira tão emocionantemente técnica pelo Doutor Euclides. Claro que não feliz também, mas Doutor Euclides poderia, num momento desses, ser para ele qualquer doutor alguém, algum, doutor sabe-se lá mais quem, como tudo, agora, poderia ser de todo nem mais importar quem ou que. Tudo agora poderia ser simplesmente o profundo pesar do que passou, do que nunca mais será, e tudo o que nunca foi poderia ser a frustração do que, agora, definitivamente, é certo de não ser, ser promessa destroçada pela fatalidade de uma impiedosa sentença de uma pedra tosca e direta e certeira no meio de um caminho tão promissor de um ainda tão jovem rapaz. Mas não era isso, não o é, ele teve certo pra si. E que bom que sempre teve certo pra si o gosto bom, ou não, de cada poema que a vida lhe vale, lhe participa, de cada letrinha do filme da vida subindo, e mesmo o gosto a não ter, não sentir, pelo simples fato do fim. O gosto pelo filme que acaba pelo simples saber de que acaba, nunca se enganara, sempre fez da lucidez seu maior trunfo e parceiro mesmo nos momentos aparentemente mais insanos, de todos os momentos presentes, estes os que ela mais se notou tão qual, lúcida. Fez prazer, se teve, atenção se deu, fez-se jovem, mais forte, renasceu. E viveu, como de hábito, cada momento como se fosse o último.

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