sábado, 14 de maio de 2016

Testamento de um paisagista que não conhece os ossos do ofício

Em paz estou pra morrer são
Deixar de ler, e de escrever -
O último poema.
A última cerveja de Deleuze
Não mais brindar-me-á o fim dos dias.
O derradeiro manifesto
Público
Com ou sem política dos jornais
Não há de se exercer.
Não hei de suicidar o apoteótico e insinuante inseto das noites calmas.
A festa última não há de despedir-se, assim,
De mim.
As portas hão de estar fechadas
Para um último adeus.
Deixo os restos de vida
E de poesia
Para que me permita
Estar invariavelmente a voar
Por sobre vosso inefável encanto
Doce
Opaco
Santo
Dos olhos que não leem.
Somos, como disse o Poeta eleito
A paisagem da paisagem
Nas impurezas de um sempre branco.

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